svetlana zakharova - o lago dos cisnes - clipe ballet

Vinícius de Moraes

Soneto da Fidelidade

De tudo, meu amor serei atento
Antes, e com tal zelo, e sempre e tanto
Que mesmo em face do maior encanto
Dele se encante mais meu pensamento.

Quero vivê-lo em cada vão momento
E em seu louvor hei de espalhar o meu canto
E rir meu riso e derramar meu pranto
Ao seu pesar ou seu contentamento.

E assim, quando mais tarde me procur
Quem sabe a morte, angústia de quem vive
Quem sabe a solidão, fim de quem ama

Eu possa (me) dizer do amor (que tive):
Que não seja imortal, posto que é chama
Mas que seja infinito enquanto dure.

A culpa é de quem?...Minha alma é solidária com as crianças antes mesmo delas nascerem!!

Bebês de Rua

Quando passei de carro
Vi explícito pela Via
Um homem viciado
E uma mulher seminua
Transando engraçado
Aos olhos estimulados
De algumas sociáveis figuras.
A gente vê e se acostuma
Fica, então, acomodado
Mesmo quando não enturma
Os nossos filhos tratados
Com os filhos abandonados
Que ali nascem
Sem planejamentos
Destas infelizes criaturas.
As vezes da dó
Mesmo assim é
Cada um na sua
Não fazemos nada
Para impedir
Que se fecundem
Os medingos bebês de rua.

Planeta Terra

Planeta Terra

Assim é o Planeta Terra
Para os que se submetem a Ele.
Entendê-lo é vivê-lo
Com liberdade de aceitação
Dentre os que aqui estão:
Os machos e as fêmeas.
Os negros, os brancos, os cafuzos.
Os tranquilos e os confusos.
Os altos e os baixos.
Os ébrios e os lúcidos.
Os sábios e os leigos.
Os pobres e os ricos.
Os bonitos e os feios.
Os jovens e os velhos.
Os estudiosos e os analfabetos.
Os saudáveis e os doentes.
As mortes e os nascimentos.
Os arrogantes e os ingênuos.
Os trabalhadores e os parasitas.
Os materialistas e os espiritualistas.
Os frígidos e os sentimentalistas.
Os solidários e os egoístas.
Os limpos e os imundos.
Os tratados e os abandonados.
Os educados e os mal-educados.
Estão aqui espalhados
Por amor ou pela guerra
Entre países e dialetos
Fazendo este mundo ser completo.